CARALHO
Knulp - Hermann Hesse
(mais um achado - meu - de Hesse, entres os sebos)
As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.
[Drummond]
Quando tudo que é feito
interdepende de tudo
no mundo de quem sente
A quantidade de suor, de
rugas e dentes franzindo
de olhos bonitos sorrindo
O ritmo e a intensidade,
do andar e do aperto de mãos
A altura do abraço, na ponta dos pés.
Da obediência à exaustão
do esforço, do estudo
O tiro no escuro
Engraçado como as coisas se passam na nossa vida.
É preciso agir com discernimento e um mínimo de sensatez
(na falta de sabedoria) diante dos acontecimentos.
Principalmente perante acontecimentos inesperados.
Esses são os que mais modificam a nossa estrada.
E levando em conta que a vida é uma caixinha de surpresas,
torna-se necessário tomar tento aos mínimos detalhes.
Os grandes momentos e as grandes pessoas sempre vão existir
e ser lembrados, mas é das coisas pequenas que sentimos falta.
Os pequenos detalhes, os pequenos momentos,
os pequenos muros, as pequenas quedas ,os pequenos consolos.
Esses mudam nossas vidas.
Os grandes momentos, as grandes pessoas
essas existem e tomam nossa vida de forma passageira.
É na grandiozidade de poder notar àquela pequena coisa
que seu coração é preenchido completamente.
Os mínimos detalhes e momentos serão lembrados por toda a vida.
a pequenez do consolo nos serve para abrir os olhos,
e o pequeno muro branco de base para exergar o horizonte.
Parece surreal quando a vida nos quer dar uma segunda chance.
Nós fazemos sim o nosso destino, mas há uma força maior
nesse universo que rege nossos pés, mãos, fala e coração.
O máximo que podemos fazer é adiar o dia do que já está traçado
podemos brincar de viver, de conhecer coisas que não estavam
determinadas, de conhecer pessoas que nos marcam,
ferem e semeiam amor em nós.
Poderia alguém brincar com o destino e jogar fora uma segunda chance?
Quem seria louco o suficiente para demonstrar tal poder e firmeza de si?
Essa pessoa existe. Pessoas loucas existem e fazem acontecer coisas incríveis.
Acreditem quando falo de destino.
Não zombem da minha imaturidade, da minha infantilidade,
da minha fé no amor.
É possível que a vida nos dê uma segunda chance,
é inacreditável que a pessoa a jogue fora
e queira brigar com a hora marcada do destino.
É surreal amar alguém que brinque assim com a vida
só para provar que se tem o maior amor do mundo
do universo da sua cabeça e criar uma nova chance
para se viver um amor único.
Posso dizer: estou pronto
para me dar ao que vier.
Posso errar, mas não por medo
de me ser no que fizer.
Quem me pode responder
que sabe ser, sendo inteiro
fiel e simples, sendo a tudo
que faz e não quer fazer?
Thiago de Melo