segunda-feira, 4 de maio de 2009

O Texto de Chayanov.




"Sobre a teoria dos sistemas econômicos não capitalistas, sobre a exploração camponesa na Rússia,o sistema de servidão da Rússia;o escravismo nos Estados Unidos"

Tento, consigo às vezes me concentrar. E penso: já estudei isso. No tempo do colégio católico, com a professorinha revolucionária. Em meio a monges reacionários (que rezavam a missa em latim, e eu lá sentada no banco - da primeira fila - achando tudo muito bonito).
"Diz-se unidade econômica familiar não assalariada toda exploração econômica da família camponesa ou artesã que não emprega trabalhadores pagos." Que utiliza apenas o trabalho dos próprios membros familiares.
O texto de Chayanov é chato.
O professor de Geografia Agrária é chato.
Temos que estudar uma paleontologia econômica, unidades econômicas arcaicas e Gal Costa não sai dos meus ouvidos.
Eu leio, escuto minha voz nos meus tímpanos e em meus miolos e ela canta: vivemos na melhor cidade, da América do Suuul
Queria ler uma coisa mais legal. Treinar no meu teclado(faz tempo que não toco).
Pensei em ler Brecht agora. E no meu pai.
Quando pensei em uma coisa mais legal para ler pensei logo em Bandeira. Depois em Brecht.
Mas todos os livros deles que tenho aqui já li e os reli.
Engraçado como se dá nosso(meu) raciocínio.
Quando comecei a ler Chayanov, pensei em Kawtsky, em José de Souza Martins e Jozé Graziano (todos os autores recomendados pelo professor para a prova de questão agrária, campesinato independente e questão agrícola).
Aí comecei a ouvir Gal Costa e voei longe, há quilômetros daqui. Ainda resisti e escrevi algumas linhas sobre a URSS e seu sistema. Sobre como a modernidade afetou a vida do homem do campo, etcétera e tal.
Mas Gal Costa me puxava a um só pensamento.
E o texto, a prova, meu pai, o frio desse tempo úmido se chocaram tanto que se dividiram em vários pensamentos:
Chayanov
Gal Costa
música
teclado
partitura
prova
Kawtsky
Brecht
papai
Bandeira
meu amor.
Essas foram as palavras-chave. Dentre elas com certeza se desenvolveriam muitas outras.
Ressurgiu também a idéia de escrever um livro sobre meu pai.
Mas não como o livro/carta que Kafka escreveu ao próprio pai. Seria melhor(quanta audácia).
Acho que seria mais completo, pelo simples fato de que é mais fácil construir idéias quando já se tem uma base.
Outro livro que também me daria prazer em escrever seria sobre meus amores. Mas esse vai demorar ainda mais para ser concretizado. Simplesmente porque o ápice do romance(do livro) está ocorrendo neste exato momento que estou vivendo.
Ai, meus vinte e um anos.
A vida já me tirou uma paixão, me presenteando com morte, vazio e saudade.
Depois me causou dor, embriaguez e loucuras póstumas.
Uma vez também já fui morta, espancada. Isso foi quando eu conheci o amor. O meu primeiro.
Agora os astros, a vida, Deus(não sei a quem agradecer)
me deram dor, me deram lágrimas, vômitos e gaia.
Eu fico querendo viver mais isso a cada dia, isso é que é danado e me deixa tonta,
zonza, como aquela agoniazinha que se tem segundos antes de pular do trampulim e a sensação gostosa depois
de se ver mergulhado lá no fundo da piscina e se deixar afundar aos poucos, observando todo o azul em volta e as bolhinhas que vão até a superfície.
Se eu estivesse no 2° grau o professor de redação diria que fugi do tema - "olhe o título, se guie por ele, ele é a lanterna do seu labirinto, da sua redação".
E eu iria sorrir, e diria que era tudo culpa de Gal Costa e não tinha fugido de tema algum. Que vai ver,
eu tinha me deitado na cama com a desculpa de estudar para a prova, e pus o cd de Gal só para ficar pensando, escrevendo e fritando por amor.

3 comentários:

  1. Porra. Eu aqui pesquisando para desenvolver meu artigo e me deparo com seus sentimentos.
    Sentimentos estes que você estava sentindo durantes as aulas de geografia agrária que partilhamos na UFPE.
    Que loucura... hoje dia 30 de agosto de 2011 descobri um pouco sobre você, tão longe fisicamente, mas tão perto sensitivamente/metafisicamente.
    Esse mundo é realmente insano.
    Ass.: Douglas França (Droguets)

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