terça-feira, 24 de agosto de 2010

Verdades no almoço



É preciso não ter medo de se dizer o que quer e arcar todas as conseqüências desse ato. É importante também não confundir "efusividade" com sinceridade. Chega de jogos e artimanhas. Não é preciso escrever difícil, falar bonito, buscar o impossível por confundi-lo com genuíno. O mundo ensina, a dor ensina. O tempo julga sem ironia. Cada dia tem uma forma diferente e cada acontecimento um novo ingrediente. Que fome!

Choro no quintal


Vou fazer um busto negro 
só pra te coroar e pendurar
na árvore mais frondosa 
Vai ser na mangueira,
do quintal de Rio Doce
com as mangas mais frescas
e saborosas que já comi
Vou abrir um bar de chorinho 
pra todo sábado... sem peso, 
nem culpa: pedir um caldinho
e me embriagar.

Noite de sábado


Quando era pequena eu podia passar horas ouvindo Pavarotti. Gritando, cantando e girando na sala. Tinha a mania de rodopiar e ficar a girar, girar, girar... Até que um dia deu em merda. 

Consegui ainda girando, enfiar a cabeça no trinco fixo da porta (aquela parte de metal que fica na parede). A precisão foi tamanha que em segundos a sala ficou coalhada de sangue e eu ainda girava, desnorteada. Foi foda.
Vendo o sangue pensei na hora que iria morrer e só conseguia dizer  "puta que pariu, agora não!".

Milímetros de sangue vazados e doenças e neuroses vividas (não necessariamente vencidas), cá estou nessa noite de sábado esvaziando a oficina do diabo.

Me sinto presa na imensidão dos meus sonhos. E constrangida por tê-los. Coisa de burguês, né? Ou de um puritanismo escrachado, de fachada? Talvez.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Impressões



Primeiras palavras

Tudo que escrevo, as palavras que aqui transcrevo, todas elas vêm do coração. Tudo que faço, mesmo sendo precipitado, é resultado de traumas e ilusões que por anos nutriram o coração. 

Tudo o que não escrevo e guardo aqui no peito, deixo pra te dizer mais tarde. Se algum dia tivermos um encontro de verdade, e conversarmos sobre a vida, dos astros ou comida, das coisas que lemos, das que conhecesses e das que supomos, com interpretações vastas.

* * *

Primeiro encontro

Tem que ser belo e sincero. Nada de divagações ou informações que queiram impressionar. Pode ser até nervoso, mas que depois de minutos ria frouxo. 

Ou que eu sinta aquela sensação boa de rir com os olhos e beijar com as mãos, só para não quebrar o encanto, que num futuro próximo, provavelmente, estragaria tudo, só para não perder a razão.

* * *
Primeiros defeitos

Tenho que deixar de ser orgulhosa e passar a, ao menos, admitir que tenho muitos defeitos. Mas que, por hora, esse basta.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Moça Cult




Peça filmes emprestados,
 livros, vinis e mp3.


Se vista da mesma forma,
vá ao mesmo cabeleireiro,
compre nas mesmas lojas.

Beba o mesmo álcool,
faça do meu, o seu bar favorito.

Conte histórias semelhantes
de viagens e amores constantes.

Pergunte a marca do esmalte
do perfume, da bolsa e do sapato

Pergunte se tenho irmãos
e se algum já está no papo.

Freqüente a mesma faculdade
seja noctívaga na minha cidade.

Fique com os mesmos caras
roube temporariamente todos os
meus amigos e os leve à sua casa.

Continue a dissertar coisas
superficiais e com um sentido
extraído de sua biblioteca virtual


Se mostre toda, ande nua e sem pudor. 
Dê a cara a tapa, cave sua vala!


Depois pergunte a si, se quer
ser igual a mim ou só está 
infinitamente carente


Precisando de uma surra
ou atenção da gente.