quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Egoísmo que persegue


Livros didáticos conseguem massacrar até a poesia da vida. Se para ler tudo o que gosto, que me intriga, ou necessito para sobreviver terei que abdicar do meu conceito de vida, dispensarei ao menos a metade. 
Lerei as noções básicas do manual de sobrevivência, e embarcarei na leitura  de que mais gosto. Me trancarei em um mundo(no meu), absorverei e tomarei nota.

O mundo é muito vasto e o homem... tão pequeno. Se com poucas palavras junto-me a dezenas e marchamos pelo mesmo ideal; com algumas palavras a mais me vejo quase só.

Há traição nos mínimos detalhes. E não só por que mesclam-se culturas e tempos distintos. Cada um com seu conceito disserta sobre o certo e o errado e o egoísmo se sobrepõe.
Como uma justificativa ou critério de qualidade de vida, ou ainda pilar de caráter e molde de consciência ele sempre aparece e, não se enganem, transpassa continentes e dói à flor da pele.

Egoísmo me soa como facada, quando já não se mostram os dentes. Já não há mais sorrisos, ou mesmo amadorismo. Se te crês dono de verdades e apenas um argumento joga por terra teu sorriso, abras a cabeça ou treines mais o teu sorriso.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Por Você


Também posso pintar as mais lindas mandalas e fazer do céu, nosso quintal. Cantar as pedras do nosso caminho, evitar falar o que te aborreça. Tentar forrar as pedras e fazer com que os espinhos brilhem. Mas essa não seria eu.

Evitarei te procurar, e também tentarei não te aguardar. Com alguns sábados te esquecerei - embora a música deva tocar e, sem sombra de dúvidas, cantarei. Pedirei bis, batendo palmas, pensando em te "evocar".

Bailaré como una mariposa y viajaré hasta quedarmonos de cabeza echa. Pues lo que quiero es viajar. Con propósitos personales, mundanos y profesionales. Aprenderé lo que és paciencia y te enseñaré lo que és madurez. Para que comprendas que hay que dejarse llevar. Y todo por su peso cae.

Mar de tiburones



Não consigo imaginar

viver numa cidade

que não tenha  mar.

Mesmo que seja fétido,

que tenha uma orla 

danificada e perigosa,

que seja só para olhar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Esperança Capitalista



                                            


Agarre-se, enrosque-se, 
grude, se atraque
mas não permita escapar 
a última esperança.

Leia os sinais, 
fique atento, 
não os deixe escapar

Pode ser um adesivo: 
quando deus quer é assim

A placa de um carro à frente: KDE2011

Uma promoção 
que o chama e fala:

com essa roupa irás 
conhecer a pessoa amada

Ou pode ser
apenas mais um 
grito de uma mãe
deveras preocupada

"Chega de farras, vá estudar, 
tudo na vida requer sacrifícios."

Engulimos desaforos diários
para não ferir quem amamos

Acelerando o tempo de 
independência da classe-média. 

Só para podermos
comprar aquele cordão umbilical
banhado a ouro e um respeito importado.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Noite de Setembro



O olho ardendo sob a colcha de cetim
a garganta dolorida, úmida pela fome
Os pés ásperos refrescados pelo vento
o ventilador fazendo o lençol levantar

A escuridão fazendo sala pra burrice
a música me fazendo chorar.
Talvez seja o cabelo, que por desleixo
ficara oleoso e numa piscada
me irritou e me fez chorar.

Mas talvez seja mesmo a música.

É Baden na cabeça! Que me faz chorar.

Ando carente de lenços e de companhias
que não me irritem. E das pessoas que
gosto mas não me habitam (tampoco visitam)

Tudo que vai, volta, mas às vezes a
maré desobedece. Submissa a uma
corrente, muda o rumo, descontente. 
E já com um novo olhar, numa terra
vizinha, mas distante. Cortada por
correntes marinhas e egos gigantes

pulo uma linha, abro mais um parágrafo
dobro a página e escrevo "Por Você"
Guardo na gaveta de assuntos,
entitulada "carnaval". E vou viver.
Ainda nem chegou o Natal.