sábado, 25 de maio de 2013

Antes do Sol


Muito fácil julgar
o vizinho novo
com seu carro novo
com a cerca nova
e a nova cor na parede

Falar com mitos
sobre gritos e velhos hábitos
quando os trapos que vestes
nem te cobrem ao esmo

E mesmo que vestisses ouro
e se comentasses verdades
merecerias um adorno
por tanta mediocridade

Quando eu te chamo e não vens,
se reclamo e não me ouves
e contesto pelas injúrias,
o meu café fica amargo

E não há chuva nem chuveiro

que eu possa quebrar por inteiro
Que me faça esquecer coisas boas:

Pois seu café é amargo

desde o primeiro gole
mas eu sei que na geladeira
tem um pote de mel.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Hoje eu vi um homem morto na Caxangá




Que triste ter que ver sangue
e sentir a vida tão passageira
Pra poder enxergar
que com meu tempo
não faço mais besteira.

Passe amanhã.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

É complicado



Nunca gostei de morrer de amor, mas já tive muita vontade de matar.
Que bom que meu eu-lírico não deixa, porque gostar de você é complicado.
Complicado deveria ser apenas os outros. Nunca nós. A gente.
A gente não deveria nunca comparar-se e comparar-nos aos outros.
Mas ofender parece mesmo que é nossa praia.

Complicado mesmo é suspender o grito na hora da raiva.
Complicado é conseguir não ultrapassar os limites da estribeira,
complicado é quem ataca pra se defender e nunca se desarma para amar.
Impossível é se anular para ter que agradar.
Ouvir provocações caladas sem desatinar e sem querer mostrar-me indefesa.

Deus errou quando nos fez capaz de sentir certas coisas.
Complicado é amar, ou achar que ama. Ou pior ainda:
ter essa certeza que é uma constante apenas em instantes
em ações que terminam com o ar, como chorar e gozar.
Então posso dizer que te amo por instantes
quando quero morrer e quando quero matar.