terça-feira, 17 de março de 2009

Tua presença em mim




Hoje eu acordei com fome,
após uma noite irriquieta
com medo da barata
que perambulava na cozinha

O calor infernal amenizado
por óculos escuros
e músicas aos ouvidos
foi potencializado pela fumaça,
do fumante sentado ao lado

Me sentei e comecei uma reflexão
frouxa dos meus pensamentos
(leia-se: sentimentos)

Fui da fumaça da boca,
ao cano de escape
ao letreiro do ônibus
ao meu atraso rotineiro
me vi numa encruzilhada.

- Desço, ou não desço?
- Não, ele não merece.
- Porque ele é assim?
- Mas é assim que eu gosto

E mais adiante pensei:
Não o tenho por completo como gostaria.
Embora o tenha como nunca quis:
cravado em mim,
carregado de lembranças
lindas e saudosas.

Saudosas porque ele quis assim
(talvez havia mesmo de ser como está)
lindas por que o amor é lindo
embora esteja como está

E por que motivo está?
E não o é?
Não acredito em frases prontas,
amores prontos, amizades prontas
"não foi porque não havia de ser"
"porque Deus quis"

Deus não existe, nós o matamos.
Não foi, não é, e está por que és burro
e o destino é uma caixinha de surpresas

Quem diria?
Eu o amo.

sábado, 7 de março de 2009



Pode ser um livro, um cartão, uma música
vez ou outra invento qualquer objeto
para te buscar onde quer que estejas
e ficares ao meu lado, deitado, imóvel,
sorrindo e me deixando beijar teus olhos fechados.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Nosso poema






Música: Celso Loch
Letra: Alice Ruiz



vontade de ficar sozinha

só pra saber

se você ia

ou vinha

quando deixou

esse bagaço

no meu peito

pedaço estreito

defeito na mercadoria do jeito

que você queria.

quarta-feira, 4 de março de 2009


Vazio


a cama vazia
o copo guardado
o som baixo
a casa arrumada
e a grama alta


Saudade


uma lacuna no peito
a cabeça lotada
músicas que recordam
um caminho traçado

Futuro


sorrisos estampados
abraços apertados
almoços falados
almoços-jantares
jantares-farras


Vazio, saudade e futuro
são consolo de quem sente falta.

Quem é quem

Posso dizer: estou pronto
para me dar ao que vier.
Posso errar, mas não por medo
de me ser no que fizer.
Quem me pode responder
que sabe ser, sendo inteiro
fiel e simples, sendo a tudo
que faz e não quer fazer?

Thiago de Melo

domingo, 1 de março de 2009

Revivendo sentimentos

Contigo achei que havia aprendido o que era amor, que aos vinte e um anos - beirando dois patinhos na lagoa - creio ainda não ter encontrado, aprendido, somente odiado.
Somente odiei o dia em que fostes, nos outros desprezei, chorei e senti pena (de ti).
Queria ter tido maturidade suficiente para abrir teus olhos.

Dizer: - Menino, o mundo é tão grande e a vida é tão curta. Melhor procurar em minha companhia o que buscas, para não ficares tão só.

Mas você sempre foi dono do seu grande nariz, senhor da razão e da verdade.
Hoje te vês só. Ontem eu me via só.
Talvez ainda enxergasse um mundo a dois e quando te vejo só, assim me via também.

Foi-se o tempo em que me via sem ninguém, acompanhada apenas da tua lembrança, resquício de presença, presença da tua sombra.
É duro escrever o que se fez esforço para esquecer.
Mas em dia assim, chuvosos, os pensamentos vem à tona.

Vez ou outra te busco em meu horizonte.
Mas acredite, não estou mais atrás da porta, atrás de você.