terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Vinte e dois




Vinte e dois são os cordões que me seguram na rede. Vinte e dois de cada lado.
Quarenta e quatro, já vou estar com vida feita e filhos encaminhados como numa prosa perfeita de Baudelaire.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Táctica y estrategia




Mi táctica es mirarte, aprender como sos, quererte como sos. Mi táctica es hablarte y escucharte, construir con palabras un puente indestructible. Mi táctica es quedarme en tu recuerdo no sé cómo ni sé con qué pretexto, pero quedarme en vos. Mi táctica es ser franco y saber que sos franca, y que no nos vendamos simulacros para que entre los dos no haya telón, ni abismos. Mi estrategia es en cambio más profunda y más
simple. Mi estrategia es que un día cualquiera, no sé cómo ni sé com qué pretexto por fin me necesites.


Mario Benedetti

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Love is just a game



É tudo um jogo. Acreditemos quando algum dia escutarmos essa barbárie. Não é frustração, paranóia ou mesmo insegurança, é experiência, e comprovada cientificamente. O amor é um jogo. Agora tente imaginar o mais mirabolante que sua mente possa criar, é pouco! Tudo nesse mundo já ocorreu, se desenhou, vai ser filmado. E o amor não escapa à regra (logo ele que anda de boca em boca e poucas vezes é sentido).

Em relacionamentos modernos ele age como uma montanha-russa, com seus altos e baixos. Se o rapaz esnoba a moça, ela corre atrás. E a recíproca é verdadeira. As vezes já cheguei a me perguntar "e dá pra se viver assim?" eu não vou ser eu, vou estar jogando, e eu quero agir naturalmente. Dizer que amo quando sinto a boca seca, dedos dormentes e coração acelerado. Resmungar quando estiver chateada, fazer dengo pra chamar atenção, fechar a cara por ciúmes, por que não?

Mas a experiência não é falha. É comprovado, o amor é um jogo. Você não pode nunca dizer que sente ciúmes da melhor amiga dele ou que sua futura sogra o mima demais. Você não pode, nem deve, entregar o ouro ao bandido. Quem se dá demais, recebe de menos. Não que se dê esperando algo em troca, mas é frustrante não receber uma mensagem que lhe tire da rotina e uma inesperada ligação atenciosa.


O problema do jogo mais astucioso da face da terra é que você mesmo pode cair em sua armadilha. Exemplo simples e concreto: você leva um fora e finge que está com outra pessoa, para a primeira 'lhe notar', notar que há algo de interessante e que outras pessoas se interessam por você. O ser humano é cruel no amor. E não há uma mente sã que não goste de receber atenção, carinho, zelo. Aí é onde você se estrepa.

Você não gosta dessa nova pessoa e tampoco esqueceu a primeira, mas seu cérebro, seu sexo quer dizer que sim. E você começa uma nova relação com dias contados, que nem barco furado sem remendo. É dose.


Então como agir? Haverá o dia que terás que decidir entre jogar com todas as suas cartas ou deixar que joguem por você. Opte pela primeira, pelo amor de deus. Mas se estiver abatido demais e deixar se levar pelo tempo, naquela esperança vazia e azeda que ele cura tudo, custe o tempo que custar, não desista. Quando você menos esperar aparecerá alguém que lhe incite novamente a jogar.

Bilhete

Não há mais madrugadas serenas, nem palavras esperançosas, pidonas de afeto e desejo.
Nada de palavras doces ou elogios corriqueiros. Pra que dizer a verdade? Se eu te queria
por inteiro e ansiava por teus defeitos e como viria a descobrí-los.
E eu risco, reescrevo, mas não consigo dizer o que queria. É sempre esse abismo rotineiro
do cérebro à ponta do dedo. Ai, os homens! Tente entendê-los. Ouse, até virar mania.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

20 anos blues


Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de 20 anos

E eu tenho mais de mil perguntas sem respostas
Estou ligada num futuro blue

Os meus pais nas minhas costas
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros

O sangue jorra pelos furos,
pelas veias de um jornal
Eu não te quero
Eu te quero mal!

Essa calma que inventei, bem sei
Custou as contas que contei
Eu tenho mais de 20 anos

E eu quero as cores e os colírios
Meus delírios
Estou ligada num futuro blue

Os meus pais nas minhas costas
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros
O sangue jorra pelos furos,
pelas veias de um jornal
Eu não te quero
Eu te quero mal!

Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
eu tenho mais de 20 anos...


Composição: Vitor Martins e Sueli Costa

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O necessário para viver


Não adianta por cabestro, há que deixar fluir, crescer, correr solto. É quase algo inevitável de se esquivar, quem sabe um íman, uma mandinga, uma teimosia. Talvez seja a imaturidade da idade. E é bem possível e triste que seja.

Tudo tem seu tempo, todo cambia, tudo muda, é assim na canção, na vida e no amor. Embora se ame em cada tempo, cada momento me é originalmente único - e eu que tentava tanto falar isso nos meus 16 anos, mas só agora consigo um pouco por as coisas em ordem na cabeça e no papel - Mesmo que seja de uma forma sistemática e comedida.

Tudo ao seu tempo, sem pressa. Há de haver mesmo o tempo das infantilidades, dos birros, das implicâncias, das escaladas no muro, das decepções e das facadas. E dentro desses vários tempos, como gavetas numa cômoda sistematicamente projetada, tudo acontece.
Cada amor ao seu tempo e as vezes todos ao mesmo tempo. Mas o mais comum são um ou dois mais importantes.

E pode ser um beijo, uma flor, uma ligação, uma daquelas duzentas mensagens do seu celular. Tudo é único. Tudo desenformado e prefeitamente milimetrado para cada pele e sensação. Tudo é único e é isso que faz um mal danado.

Bem ou bom mesmo seria viver daqueles contos perfeitos de amor. Uma kombi azul, traição, juras de amor, filho e brigas. Gosto mesmo do imperfeito. Como nesse século pode-se amar plenamente? É sempre a torto e a direito. Não conheço ninguém que ame plenamente ao parceiro ou parceira.

Ninguém ama plenamente a dois. Não aos vinte anos. Só a um, uma unidade, um ser. Eis onde mora problema: o todo não entra na forma pré-fabricada.

A vida real e atual tem pressa de ser vivida, o que naturalmente nos dá sede de viver. Só que num passe de mágica tudo se esvai. E vai. E foi. Aí, já era.

Cuidado, no jogo baixo do amor tudo pode, pode tudo, até dar murro em ponta de faca pode. No amor tudo se transforma, ao menos temos que acreditar nisso piamente. É necessário para sobreviver. Pois quem se deleita na infelicidade, cava sua própria cova.