terça-feira, 31 de maio de 2011

Canção de uma enamorada





Quando me fazes alegre
Penso por vezes:
Agora poderia morrer
Então seria feliz
Até o fim.

E quando envelheceres
E pensares em mim
Estarei como hoje
E terás um amor
Sempre jovem.
 




Brecht

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Por uma vida medíocre




Quero o relapso de memória
A ignorância das lavadeiras
Viver com a sabedoria popular
E o curar das rezadeiras


Chega de amores complicados
Quero a felicidade simples
De um abraço apertado,
sono pesado e sonhos bonitos.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Pra mais tarde





E se em tudo na vida há um ciclo, no amor as coisas deveriam ser diferentes. Nada de prazo de validade pra um produto que nos faz tão bem. E é só chegar às vésperas do prazo esgotar-se que quase tudo torna-se amargo e impregna-se de bolor.

Vai! Raspa, corta, ingere. Quem sabe não seja indigesto ao ponto de ir comprar água de coco para a flora intestinal. Pode ser que fique a lembrança de uma refeição memorável e você consiga guardar uma doce memória para anos depois, quem sabe, sorrir ao sentir resquício de verdade em uma paixão já esquecida.

É preciso que se faça um plano B para tudo na vida (nesta e na próxima). Eu tenho gasto uma parcela de dedos e tempo tentando separar a mansidão da certeza arisca, tentando construir um outro plano válido, onde tudo seja palpável e menos amargo.


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Pensamentos de segunda







Atônita 
deitada na bicama
de barriga para cima
 olhando pro teto

fazendo cachos 
com os dedos
a mão bagunçando
 os cabelos
desanuviando
 os pensamentos.

Pose de Cleópatra, 
deitada de lado
vendo o porta-revistas
repleto de livretos cheios
de saudade, amor e dor.

Deitada de barriga pra baixo
nutrindo a rinite que se alimenta
com todo esse mofo do meu quarto.

Deve haver algum vírus da loucura
pr'eu insistir em sofrer assim

Seja na umidade do quarto
ou na falta de nexo 
que pratico toda vez
 que tento, mas não consigo.