sexta-feira, 2 de março de 2012

Par de olhos



O dono dos olhos mais bonitos que já vi não tem os olhos mais bonitos do mundo.  Nem fala só por eles. O dono dos olhos mais bonitos que já vi tem uma simetria, na minha matemática, perfeita.

Quando ele fecha os olhos por uns segundos e me sorri entre bochechas e dentes é a coisa mais linda que quero ter por perto naquele momento. Esses olhos são cheios de dedos e acredito sim, que com o tempo terão mais tato.

Ai, esses olhos negros. Pouco me importa o que vocês acham e quantos olhos vão recriminar este texto. Prestem atenção, todo mundo deveria uma vez na vida ter um par de olhos daqueles. Não na cara. Não na nuca. Mas à sua frente e ao seu lado, sempre.

Esses olhos são tão puros que em momentos de atrito, de conflito, a voz rude e os movimentos mais bruscos chegam a descombinar momentaneamente a simetria. Eles devem ser nutridos pelo coração, pois o corpo baqueado demonstra que ali ainda há vida, mas somente nutrida pelo coração.

E o olhos sobrevivem. Também os ouvidos, o nariz, as mãos, as pernas e sofridamente a boca revelam ainda ter vida. Mas nenhum órgão é visivelmente tão puro como aquele par de olhos (talvez por não emitirem som). 

O único alívio e também pesar, é que tudo é nutrido e velado pelo coração. Ele sim tem foco, força nas pernas e fome de vida melhor. Parceiros, irmãos. Vivem os dois juntos, os olhos e o coração.

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