quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Uma principiante que promete muito

Antes do almoço eu aproveito para escrever uma carta, não a carta, talvez esta nunca exista. Considero que as palavras se vingam de mim. 

O pessoal tem a mania de dizer "Em Santiago, no Chile", "Em Buenos Aires, na Argentina", mas nunca falam "No Recife, no Brasil", ou, sem implicância linguística "Em Recife, no Brasil".

No Recife, do Brasil, mais um dia caótico se passa, como os dias por aqui normalmente o são. Já é começo de setembro, e o tempo está com a cara da cidade, que tem a cara das pessoas e das confusões internas que cada uma leva dentro de si.

Há dias que meu corpo tem dado sinais. Esses 10% de alergia que se iniciam, mas não progridem espelham bem a bagunça estagnada aqui. Metade da minha bochecha está inchada, metade não. Sinto a mucosa da pele inchar por dentro e ocupar exatamente 10% do espaço interno da boca. Meu estômago está tão sensível que ferve por dentro, sinto borbulhas estourando no esôfago, embora eu não saiba exatamente onde ele fica.

Ainda lembro do sonho em que tatuava teu nome e não rio mais. Tudo fica turvo, quando paro para pensar que estou pensando em você. Queria expurgar essa represa de choro guardado. Amanhã é sexta-feira e tenho medo de sair e me exceder nos excessos rotineiros. Fico pensando se há uma solução mais fácil, mas não encontro sequer uma difícil. Permaneço com a realidade que já me é bastante fudida.

Dizem que classe média sofre, mas olhe, a autocrítica anula um por dentro.
Hoje é um dia calorento nesse inverno recifense, acho que posso ir embora pra sempre a qualquer instante. Só queria encontrar uma maneira de não te levar comigo aonde quer que eu fosse.

Acho que estou precisando de óculos. Estes dias vi uma imagem no instagram de um autor português que gosto em uma parede com asas de borboleta. Eu deveria escrever sobre esse tipo de coisa.

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