sexta-feira, 12 de julho de 2019

As pessoas não gostam de ser olhadas

As pessoas não gostam de ser olhadas

Hoje, no laboratório, na espera para colher sangue havia um rapaz franzino, raquítico, de cabelo raspado. Fiquei imaginando se ele era assim de nascença ou se, obviamente, estava com alguma enfermidade.

Peguei o celular do bolso, mas antes abri a bolsa para verificar pela enésima vez se a amostra de urina havia vazado ou caído do bolso lateral interno da bolsa que eu levava.

Vejam só, entre vazar e cair há uma diferença enorme, talvez atrapalhasse o cronograma de afazeres de toda a minha semana, sem contar no horror que estou sentindo desde que coloquei essa imitação barata, de plástico, de tubo de ensaio na minha bolsa.

Após verificar pela quarta vez que ele estava lá, em pé, envolto nas instruções impressas que a recepcionista me deu ontem, percebi que o celular não estava na bolsa, e sim no bolso direito traseiro da calça jeans.

Parece que fiquei no celular mais de duas horas, aguardando ser chamada, mas nos primeiros 10min perdi o interesse. Verifiquei todas as redes, enviei dois emails, escrevi no Twitter na esperança que alguém me lesse. Enviei mensagem no Instagram a um amigo que gosto muito. Ignorei alguns parentes no Messenger. Outros tantos no WhatsApp.

Vi um quadro bonito. Parecia antigo, ao menos minha memória traumaticamente afetiva assim deu o parecer. Parecerista de quadros dá o nome de um livro curto, de contos ruins, de uma menina que se apaixonou por um rapaz no Rio de Janeiro.



Recife, 04 de abril de 2019.
                  (segunda carta)

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